Estresse elevado, hipertensão arterial, taxas de
colesterol, triglicerídeos e glicose alteradas, além daquela gordurinha
indesejada, são algumas das consequências de uma vida sedentária. Para
reverter esses resultados e reduzir o risco de morrer de forma
prematura, não é preciso muito. Atividades simples como ir a pé ou de
bicicleta ao trabalho, limpar a casa ou trocar o elevador pela escada
podem ser um ótimo começo.
‘Mais do que uma atividade física, a corrida é um meio de integração, de união’, Eunice Michelin da Silva.
Segundo o Educador Físico, Augusto Cruzoline, a ideia é começar
devagar respeitando os limites do próprio corpo. “É importante ter
consciência do seu grau de condicionamento, que deve ser levado em conta
para estabelecer a melhor maneira de se trabalhar. Não é apenas decidir
se exercitar e ir do zero para o cem de um dia para o outro”.
Nesses casos, o acompanhamento de um profissional é essencial para
que os movimentos ocorram de maneira natural, sem forçar mais do que
necessário. “Toda atividade física tem que ter o respaldo técnico de um
especialista que, dentro das possibilidades, trabalhará para que as
necessidades do atleta sejam atingidas”. O mesmo conselho vale para os
mais experientes, para “sanar as dúvidas e evoluir”.
A coordenadora de RH Eunice Michelin da Silva, de 53 anos, começou a
frequentar academia por necessidade, para cuidar da saúde, uma vez que o
corpo começava a dar sinais de desgaste, e, desde então, treina com o
acompanhamento de um profissional. “Quando saio correr sozinha, sempre
procuro seguir as orientações que foram passadas pelo especialista”.
Cansado, sempre indisposto e acima do peso, o jornalista
Valdyr Daldon, de 36 anos, sentiu que era hora de mudar. O primeiro
passo para uma vida saudável foi procurar um cardiologista e um
ortopedista, e, conforme manda o figurino, realizou os exames médicos
necessários. “Optei por caminhar pelo menos meia hora por dia.
Gradualmente, o tempo da caminhada aumentou e resolvi arriscar alguns
minutos de corrida, que também foram aumentando diariamente. Em três
meses, eu já estava correndo uma hora sem interrupções. Para mim, isso
era algo que eu nunca imaginaria”, conta.
Segundo o cardiologista Cláudio Schmidt, a atitude do novo atleta
está correta, e deve servir de exemplo para quem quer mudar de vida.
“Ninguém deve se submeter ao exercício físico sem fazer exames
cardiológicos primeiro”. E explica: “Através deles, o paciente saberá
quais são as condições do coração e receberá orientações sobre o que e o
quanto pode se exercitar”.
“Quando percebi que a caminhada tinha se transformado em corrida e
que essa prática estava constante, além da orientação na parte da saúde,
resolvi conversar com esportistas mais experientes. Busquei informação
com gente que entende do assunto, como atletas e professores de educação
física. Foi com esse pessoal que aprendi sobre alongamento,
aquecimento, alimentação adequada, frequência de treino e, inclusive, a
importância de usar um tênis adequado para a prática da corrida. Isso me
deu mais tranquilidade e segurança para correr”, afirma o ex-sedentário
convicto.
Uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia em
2007 – com 2.012 pessoas entre 18 e 70 anos – revelou que metade dos
brasileiros não pratica atividade física. Dos 50% que fazem exercícios,
apenas 20% se exercitam diariamente, forma considerada ideal pelos
médicos. A pesquisa também revelou que os homens são mais adeptos ao
esporte dos que as mulheres: 60% contra 41%. O país-modelo na questão
sedentarismo é a Finlândia: apenas 8% dos habitantes não praticam
atividade física. Já nos Estados Unidos, esse índice ultrapassa os 60%.
Mas mesmo com toda a correria da vida moderna, pesquisas anuais
realizadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) revelam que o
brasileiro está cada vez mais preocupado com a saúde e a forma física e
que esse aumento vem acompanhado da redução, de forma mais acentuada, do
percentual de sedentários. Pelo menos 29,2% da população encontravam-se
nessa situação em 2007. No ano seguinte o número caiu para 26,3%.
Dr. Cláudio Schmidt ressalta que “essa mudança de atitude é muito
importante para o nosso bem-estar e inclusive para a nossa saúde”.
Segundo ele, quem pratica exercício físico de forma regular e orientada
retarda o aparecimento de infarto e derrame, e prolonga a vida.
Alimentação Saudável
A alimentação balanceada e saudável é fundamental sempre. Mas,
segundo a nutricionista Roberta Cassani, na prática esportiva ela é
especialmente importante para a melhora no desempenho, ganho muscular e
manutenção do nível energético durante a atividade. “O planejamento
alimentar deve ser realizado em cima do dia a dia de cada atleta,
levando-se em consideração seus horários. Uma atleta que pratique uma
atividade com “tiro” de velocidade, como corrida, por exemplo, deve
exigir uma recuperação de carboidratos antes, durante e depois do
treino. Neste caso, uma ingestão de massas e outros carboidratos de
absorção rápida são necessários para que haja um estoque energético no
organismo”, explica.
Outro ponto importante é que a prática de uma alimentação adequada
não deve ser apenas durante ou na véspera de competições, e sim ao longo
da vida. “Este é um ‘detalhe’ que efetivamente define a performance do
atleta”, acrescenta Cassani. Luís Fernando Grigolon Rodrigues sabe da
importância de uma alimentação saudável. “Procuro sempre almoçar de
forma reforçada, abusando de alface, tomate, cenoura e outros vegetais,
sem esquecer do arroz e uma carne branca ou vermelha, mas em meio a
correria do dia-a-dia, às vezes fica difícil até de tomar água”.
O Valdyr Daldon, de 36 anos, conta que com o esporte, a sua
alimentação mudou sem que ele percebesse. “O corpo mais ativo parece que
não se dá mais bem com comidas muito pesadas. Hoje em dia, como menos
frituras e menos alimentos industrializados. Dou preferência para
frutas, legumes e grelhados. É claro, não sou nenhum atleta
profissional, então cometo meus pecadinhos”, confessa o jornalista.
E, de acordo com a nutricionista Roberta Cassani, o ex-sedentário
está no caminho certo. Frituras, condimentos, refeições com muita carne,
sucos que possam gerar transtorno gastrointestinal, alimentos
industrializados ou a base de cremes e maioneses devem ser evitados
principalmente 40 minutos antes da atividade física. “Mas é importante
ressaltar que cada atividade apresenta suas próprias características, e
que as orientações nutricionais – especialmente, no que se refere à
dieta e exercício físico – variam de acordo com o sexo, idade, e se o
individuo era ou não sedentário, ou até mesmo se é um atleta”.
Tão importante quanto à alimentação saudável é o aquecimento antes de
qualquer atividade física. “Antes de correr, com bastante capricho,
faço todos os alongamentos necessários para evitar lesões. Acho que
demoro uns vinte minutos. Depois disso começo a caminhar para me aquecer
e, só após essa preparação, inicio a corrida”, conta Daldon. “Alongo
cuidadosamente até atingir todos os pontos-chave do corpo que serão
depois trabalhados nos movimentos. Certifico-me de que alonguei dos pés à
cabeça para não causar futuras lesões”, afirma Rodrigues.
Segundo o Educador Físico Augusto Cruzolini escolher o melhor tênis
para correr também faz toda diferença, pois ele é ferramenta
indispensável para o exercício. “Use calçados adequados e roupas
confortáveis; esqueça o mito que correr com agasalho emagrece mais”,
orienta o professor.
Outra dica indispensável é procurar uma atividade que te de prazer e
não se torne maçante. “Muitos atletas de primeira viagem tem problema ao
começar correr. Por falta de condicionamento físico, os iniciantes não
conseguem fazer o tempo mínimo necessário para sentir os benefícios e
prazeres que a corrida traz durante a atividade”, explica Cruzolini.
Segundo dados fisiológicos, são necessários de 15 a 18 minutos de
corrida para sentir prazer, mas “muitos param antes”.
Créditos:Itu.com.br | Camila Bertolazzi
http://efbr.com.br/25/04/2012/noticias/saude/chega-de-preguica-deixe-o-sedentarismo-de-lado/
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